Aos 74 anos, o aposentado da Celos, Hélio Francisco Kammers, encontrou no papel de Papai Noel uma missão que une emoção, solidariedade e o verdadeiro espírito natalino. A jornada começou há 7 anos de forma inesperada, quando sua semelhança com o bom velhinho chamou a atenção de familiares e de um ícone da profissão, João Prim.
“Um dia fui ao shopping Itaguaçu, e o Papai Noel de lá, o famoso João Prim, pediu para tirar uma foto comigo. Ele brincou que eu parecia muito com ele e até perguntou se eu já trabalhava como Papai Noel. Foi quando plantaram essa ideia na minha cabeça”, relembra Hélio.
Dois dias depois, veio o convite oficial de um shopping, em Palhoça. Sem nunca ter atuado como Papai Noel, ele rapidamente entrou no papel, mandando confeccionar seu primeiro traje e começando uma nova etapa da vida. Desde então, mantém a tradição de encantar crianças e adultos durante as celebrações de Natal, com exceção de 2020, quando a pandemia suspendeu as apresentações presenciais. Nesse período, porém, a magia encontrou outros caminhos.
“Foi um dos anos mais marcantes para mim. Enviamos mais de 300 mensagens de áudio pelo WhatsApp para famílias de todo o Brasil. Senti que cada mensagem levava um pouco de esperança para quem ouvia”, relembra, emocionado.
Histórias que marcam
Ao longo de sua trajetória, Hélio viveu momentos inesquecíveis. Em 2017, em um de seus primeiros encontros como Papai Noel, conheceu uma senhora acompanhada de duas netas gêmeas. Ao perguntar pela mãe das meninas, recebeu a notícia de que ela estava acamada, em fase terminal.
“Foi muito difícil ouvir aquilo. Pedi para que levassem uma mensagem para ela, dizendo que ficaria bem. Depois disso, recebi a visita da família algumas vezes e acompanhei a história delas. Até hoje essa lembrança me emociona”, revela.
As mensagens das crianças também trazem lições de vida.
“O que mais mexe comigo são os pedidos simples, mas tão profundos. Já ouvi pedidos para que nenhuma criança mais passe fome, para que todos os pais tenham emprego e para que não existam moradores de rua. São pedidos que mostram uma sensibilidade incrível”.
Hélio também lembra de momentos inusitados, como o de uma menina que queria ver as renas.
“Ela pediu que eu fosse à casa dela, mas com uma condição: queria ver as renas. Tive que improvisar e disse que elas só podem ser vistas por Papai Noel e pelos doentes. Inventei uma história de que, uma vez, uma criança tocou em uma rena, ela se agitou e destruiu o trenó inteiro. Foi uma resposta rápida que me salvou”, brinca.
O espírito natalino que inspira
Para Hélio, o trabalho como Papai Noel vai além de distribuir presentes. Ele acredita que o papel do bom velhinho é levar esperança e alegria às pessoas.
“Ser Papai Noel não é apenas usar um traje e distribuir sorrisos. É tocar o coração das pessoas, especialmente em um tempo em que o mundo precisa tanto de amor e empatia”.